sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Como interferir ao presenciar crueldade com animais de carga (só não façam como eu!)


Aqui próximo ao meu condomínio tem um pólo de lazer muito utilizado para caminhadas e outros exercícios físicos.Também se vê pessoas passeando com seus bichinhos de estimação,casais namorando,garotos jogando futebol,amigos batendo papo.Enfim,é um espaço agradável,amplo e com muito verde.Eu diria perfeito,não fossem alguns "detalhes",como por exemplo,furtos e assaltos que,de vez em quando perturbam essa tranquilidade.Mas,isso "faz parte",como diz o humorista.Afinal essa insegurança nas ruas é uma chaga que assola todo o Brasil,não é mesmo?
Porém,o que pra mim,realmente,macula e obscurece toda a serenidade e paz do pólo é a questão dos animais de carga (como cavalos e burros) e os sofrimentos infligidos a eles em plena luz do dia.É que aqui perto tem muitos depósitos de materiasis de construção e os donos desses estabelecimentos utilizam carroças puxadas por cavalos para transportar esses materiais.
Compreendo que animais de carga podem sim ajudar no trabalho de transporte de mercadorias,afinal,eles são fortes e têm uma anatomia que favorece esse tipo de trabalho.Porém,existem limites pra isso.E é exatamente aí aonde começa a exploração e a crueldade.Visando apenas o lucro de suas empresas,esses homens sobrecarregam os pobres animais,colocando cargas bem mais pesadas do que eles podem suportar,e obrigando-os a passarem quase que o dia todo nesse vai e vem,com quase nenhum tempo para descanso ou para alimentação.Alguns,mal conseguem andar,de tão cansados.Muitos apresentam ferimentos no lombo devido ao peso das carroças e aos arreios mal adaptados.Sem falar nas chicotadas que recebem para andarem mais rápido.Enfim,são cenas de extrema crueldade que tempos atrás me fizeram deixar de fazer minhas caminhadas lá,porque não conseguia assistir essas cenas e em algumas vezes corri sério risco de ser agredida por esses "homens" ( que pra mim são monstros) que são encarregados de fazer essas atroçidades.Mas,fiquei com aquelas cenas martelando na minha cabeça e um dia descobri uma maneira de impedir (ou ao menos diminuir) essa barbárie,sem correr maiores riscos.Nesse dia,por um triz,não fui espancada,mas valeu a pena.Havia um burrinho magrinho,eu diria mesmo "esquelético" ,puxando uma carroça cheia até "à tampa" de pesados tijolos.Como se não bastasse,ainda haviam dois rapazes sentados em cima da carga,aumentando ainda mais a agonia do pobre animal,que mal conseguia andar direito.Me aproximei e tentei falar amigavelmente com eles (confesso que minha vontade era esbofetear os dois!).Argumentei que o animal não estava suportando a carga e que se continuasse assim,eles iriam acabar ficando sem ele,que provavelmente iria morrer, o que seria bem pior.E sugeri que eles,pelo menos descessem da carroça pra aliviar o peso do animal.Como resposta,ouvi:"E o que é que voce tem com isso?,Porque não se mete com a sua vida?".Daí,eu entendi que não falávamos a mesma língua e que não conseguiria tocar o coração deles (se é que tinham um!) nem com todo o esforço do mundo.Então,passei a falar a língua deles:ameaçei denunciar o depósito aos órgãos de proteção aos animais e falei da multa que seu patrão seria obrigado a pagar por isso.Como resposta,eles chamaram um outro,que parecia ser o chefão do grupo.Gente,sem brincadeira,o cara era um homenzarrão de cerca de um metro e noventa de altura,com cara de mau e muito agressivo.Tremi nas bases,mas mesmo assim,olhei pra ele do "alto" do meu um metro e sessenta e um de altura e repeti as ameaças de denúncia.Aí o bicho pegou:ele avançou para mim ameaçadoramente e perguntou:"e quem é mesmo que vai denunciar?"Acreditem ou não,respondi:"Eu".E já estava me preparando pra correr,quando apareceu entre nós dois um senhor que imediatamente tratou de acalmar os ânimos.Ele falou para o "Hulk":Calma,amigo.Voce não vai agredir uma mulher,não é?Fique tranquilo que ela vem comigo.E dito isso,me puxou pela mão.Apesar de agradecida pelo socorro,eu não queria ir,queria mesmo é que ele me ajudassse a obrigar o cara a tirar a carga do burrinho.Mas,ele me puxou pela mão e falou baixinho:"vem comigo,voce pode fazer isso de uma forma menos perigosa".
Então,ele me explicou que já tinha passado por uma situação semelhante à minha e que foi obrigado a ficar cerca de tres meses sem poder pisar no pólo,porque foi ameaçado por um brutamontes desses,que disse que iria matar o seu cachorro a facadas na próxima vez que o visse lá (no dia, ele estava passeando com o seu cachorro) E ainda o agrediu com um empurrão.
Daí,ele disse que aprendeu a lição:é preciso denunciar sim,mas com inteligência e,se possível,procurando correr o menor risco possível.E me informou um telefone que pertencia a uma polícia que temos aqui em Fortaleza chamada "Ronda do Quarteirão".É uma espécie de polícia mais branda que cuida de casos mais simples,como furtos,pequenas brigas,etc.E ele me disse que o "Ronda" atendia esse tipo de chamado e resolvia.Ligamos imediatamente e em cerca de 10 minutos (milagrosamente) eles chegaram.Foram direto até o hulk e o obrigaram a tirar metade da carga para alívio do animal ( e meu e do meu novo amigo) e ainda mandaram uma notificação para o dono do depósito.
Meu amigo e salvador me falou que já havia recorrido a isso duas vezes e que sempre deu certo.
Então,fica aí a informação:para quem é daqui de Fortaleza,não custa tentar chamar o Ronda quando presenciar um fato assim.Melhor que tentar argumentar com os energúmenos dos "capitães do mato" e arriscar sua vida.Apenas faça a denúncia e fique observando de longe,sem se expor.É mais seguro.
Isso que fiz,de querer enfrentar um brutamontes sozinha,não é bonito nem inteligente.Nem deve servir de exemplo pra ninguém,afinal eu poderia, no mínimo,ter perdido todos os meus dentes ou até mesmo a vida.Nunca se sabe o que esperar de homens violentos,não é?E se eu tivesse perdido a vida,o que o pobre animal que estava precisando de ajuda ganharia?Nada.Pelo contrário,existiria uma pessoa a menos no mundo pra falar por ele.
Então,meu conselho (e pedido também):Não feche os olhos à crueldade,nem às atrocidades,sejam elas contra bicho ou contra gente.Interfira,aja.Mas,de forma inteligente e cautelosa.Sua vida é preciosa,não esqueça disso.
P.s:Mas,devo confessar,que nesse dia fui pra casa e dormi como a muito não dormia...

Um comentário:

Iris Pequeno disse...

Não se arrisquem,amigos!Mas,please,não se omitam também...