terça-feira, 23 de agosto de 2011

Saudades...de que?


"De repente a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa,morna e ingênua,que vai ficando no caminho.."
Esse trecho da música "Poema" (cantada por Nei Matogrosso,composição de Cazuza/ Frejat),me fez entender uma saudade que me parecia inexplicável...

"Sentada na areia, bem em frente ao mar, tinha tudo para estar serena.Adorava o mar.não havia nada que gostasse de contemplar mais do que aquela imensidão.
Então,porque aquela inquietação?
Refleti e descobri:estava com saudades...
Mas..saudades de que?
surpresa,percebi que não tinha a resposta.Apenas sabia,com uma certeza irrefutável, que estava com saudades!
Mas...como pode ser isso???
Inconformada,procurei em todo o meu ser a resposta,penetrei nos recônditos de minha alma,vasculhei todos os cantos de meu coração e,finalmente,após uma exautiva busca,encontrei a resposta.
Estava com saudades de mim mesma.Daquela parte minha que se perdera no tempo.
Da minha certeza inabalável de que tudo,absolutamente tudo, acabaria por dar certo um dia.
Da minha capacidade ilimitada de alimentar sonhos e acreditar cegamente que iria realizar todos eles,um por um.
Da minha alegria inconsequente e permanente,
Da ausência quase total de medos reais,
Dos riscos insanamente lúcidos que corria tranquilamente,
Entendi,enfim que,naquele momento, sentia saudades "daquela coisa morna e ingênua" que todos perdemos no caminho da passagem do tempo".
Por:Iris Pequeno
23/08/2011

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

COISAS QUE APRENDI COM A EXPERIÊNCIA



Aprendi que consigo até mentir sobre algumas coisas,mas sobre meus sentimentos,não.
Mas aprendi também que nem todos vão acreditar neles e que isso às vezes pode machucar muito.Então,entendi que preciso aprender a não me importar com o que pensam,nem que lhes dêem nomes falsos e significados equivocados. Meus sentimentos são MEUS e é melhor não esperar que os outros os entendam ou respeitem.Cabe apenas a mim respeitá-los,sem mais expectativas.

Hoje eu sei,talvez um pouco tarde,que nem tudo que se passa conosco deve ser exteriorizado,por mais verdadeiro que seja, ou por mais significativa que seja a razão.Muitas vezes é melhor calar e guardar conosco aquilo que,pra nós, é valioso.
Aprendi que contar só comigo,pode parecer mais difícil,mas ao longo do tempo,me faz mais forte.
Vale lembrar que esse "só comigo"não exclui DEUS,muito pelo contrário,porque sem ELE,eu sequer faço sentido.
Com o tempo,aprendi também a sorrir até mesmo quando não quero,mas não por hipocrisia,e sim porque entendi que atraímos aquilo que distribuímos,e que o nosso pensamento tem muito mais poder do que nós supomos.
Aprendi a medir minhas palavras,pois pude constatar que uma simples palavra pode cortar mais fundo que um punhal.
Descobri,feliz,que não conheço o significado de certas palavras,como,rancor e inveja.
Também não me envergonho mais pelo chôro fácil,porque percebi que sempre me sinto mais leve depois que ele vem.
Constatei que tenho a sensibilidade exacerbada e isso,não é bom,porque fica muito mais difícil "engolir"a vida,uma vez que tudo,absolutamente tudo, nos devora (essa frase não é minha,mas a considero perfeita pra mim).Mas penso que isso pode ser trabalhado e,quem sabe um dia,controlado.
A certeza de que tenho amigos preciosos e pessoas que me querem bem,também ficou mais nítida.E isso é um conforto,mas NÃO ME TIRA MAIS A CERTEZA DE QUE É COMIGO QUE PRECISO CONTAR PRIMEIRO.
PORQUE "SÓ EU SEI AS ESQUINAS POR QUE PASSEI".SOMENTE EU E MEU DEUS.
Por:Iris Pequeno

Como interferir ao presenciar crueldade com animais de carga (só não façam como eu!)


Aqui próximo ao meu condomínio tem um pólo de lazer muito utilizado para caminhadas e outros exercícios físicos.Também se vê pessoas passeando com seus bichinhos de estimação,casais namorando,garotos jogando futebol,amigos batendo papo.Enfim,é um espaço agradável,amplo e com muito verde.Eu diria perfeito,não fossem alguns "detalhes",como por exemplo,furtos e assaltos que,de vez em quando perturbam essa tranquilidade.Mas,isso "faz parte",como diz o humorista.Afinal essa insegurança nas ruas é uma chaga que assola todo o Brasil,não é mesmo?
Porém,o que pra mim,realmente,macula e obscurece toda a serenidade e paz do pólo é a questão dos animais de carga (como cavalos e burros) e os sofrimentos infligidos a eles em plena luz do dia.É que aqui perto tem muitos depósitos de materiasis de construção e os donos desses estabelecimentos utilizam carroças puxadas por cavalos para transportar esses materiais.
Compreendo que animais de carga podem sim ajudar no trabalho de transporte de mercadorias,afinal,eles são fortes e têm uma anatomia que favorece esse tipo de trabalho.Porém,existem limites pra isso.E é exatamente aí aonde começa a exploração e a crueldade.Visando apenas o lucro de suas empresas,esses homens sobrecarregam os pobres animais,colocando cargas bem mais pesadas do que eles podem suportar,e obrigando-os a passarem quase que o dia todo nesse vai e vem,com quase nenhum tempo para descanso ou para alimentação.Alguns,mal conseguem andar,de tão cansados.Muitos apresentam ferimentos no lombo devido ao peso das carroças e aos arreios mal adaptados.Sem falar nas chicotadas que recebem para andarem mais rápido.Enfim,são cenas de extrema crueldade que tempos atrás me fizeram deixar de fazer minhas caminhadas lá,porque não conseguia assistir essas cenas e em algumas vezes corri sério risco de ser agredida por esses "homens" ( que pra mim são monstros) que são encarregados de fazer essas atroçidades.Mas,fiquei com aquelas cenas martelando na minha cabeça e um dia descobri uma maneira de impedir (ou ao menos diminuir) essa barbárie,sem correr maiores riscos.Nesse dia,por um triz,não fui espancada,mas valeu a pena.Havia um burrinho magrinho,eu diria mesmo "esquelético" ,puxando uma carroça cheia até "à tampa" de pesados tijolos.Como se não bastasse,ainda haviam dois rapazes sentados em cima da carga,aumentando ainda mais a agonia do pobre animal,que mal conseguia andar direito.Me aproximei e tentei falar amigavelmente com eles (confesso que minha vontade era esbofetear os dois!).Argumentei que o animal não estava suportando a carga e que se continuasse assim,eles iriam acabar ficando sem ele,que provavelmente iria morrer, o que seria bem pior.E sugeri que eles,pelo menos descessem da carroça pra aliviar o peso do animal.Como resposta,ouvi:"E o que é que voce tem com isso?,Porque não se mete com a sua vida?".Daí,eu entendi que não falávamos a mesma língua e que não conseguiria tocar o coração deles (se é que tinham um!) nem com todo o esforço do mundo.Então,passei a falar a língua deles:ameaçei denunciar o depósito aos órgãos de proteção aos animais e falei da multa que seu patrão seria obrigado a pagar por isso.Como resposta,eles chamaram um outro,que parecia ser o chefão do grupo.Gente,sem brincadeira,o cara era um homenzarrão de cerca de um metro e noventa de altura,com cara de mau e muito agressivo.Tremi nas bases,mas mesmo assim,olhei pra ele do "alto" do meu um metro e sessenta e um de altura e repeti as ameaças de denúncia.Aí o bicho pegou:ele avançou para mim ameaçadoramente e perguntou:"e quem é mesmo que vai denunciar?"Acreditem ou não,respondi:"Eu".E já estava me preparando pra correr,quando apareceu entre nós dois um senhor que imediatamente tratou de acalmar os ânimos.Ele falou para o "Hulk":Calma,amigo.Voce não vai agredir uma mulher,não é?Fique tranquilo que ela vem comigo.E dito isso,me puxou pela mão.Apesar de agradecida pelo socorro,eu não queria ir,queria mesmo é que ele me ajudassse a obrigar o cara a tirar a carga do burrinho.Mas,ele me puxou pela mão e falou baixinho:"vem comigo,voce pode fazer isso de uma forma menos perigosa".
Então,ele me explicou que já tinha passado por uma situação semelhante à minha e que foi obrigado a ficar cerca de tres meses sem poder pisar no pólo,porque foi ameaçado por um brutamontes desses,que disse que iria matar o seu cachorro a facadas na próxima vez que o visse lá (no dia, ele estava passeando com o seu cachorro) E ainda o agrediu com um empurrão.
Daí,ele disse que aprendeu a lição:é preciso denunciar sim,mas com inteligência e,se possível,procurando correr o menor risco possível.E me informou um telefone que pertencia a uma polícia que temos aqui em Fortaleza chamada "Ronda do Quarteirão".É uma espécie de polícia mais branda que cuida de casos mais simples,como furtos,pequenas brigas,etc.E ele me disse que o "Ronda" atendia esse tipo de chamado e resolvia.Ligamos imediatamente e em cerca de 10 minutos (milagrosamente) eles chegaram.Foram direto até o hulk e o obrigaram a tirar metade da carga para alívio do animal ( e meu e do meu novo amigo) e ainda mandaram uma notificação para o dono do depósito.
Meu amigo e salvador me falou que já havia recorrido a isso duas vezes e que sempre deu certo.
Então,fica aí a informação:para quem é daqui de Fortaleza,não custa tentar chamar o Ronda quando presenciar um fato assim.Melhor que tentar argumentar com os energúmenos dos "capitães do mato" e arriscar sua vida.Apenas faça a denúncia e fique observando de longe,sem se expor.É mais seguro.
Isso que fiz,de querer enfrentar um brutamontes sozinha,não é bonito nem inteligente.Nem deve servir de exemplo pra ninguém,afinal eu poderia, no mínimo,ter perdido todos os meus dentes ou até mesmo a vida.Nunca se sabe o que esperar de homens violentos,não é?E se eu tivesse perdido a vida,o que o pobre animal que estava precisando de ajuda ganharia?Nada.Pelo contrário,existiria uma pessoa a menos no mundo pra falar por ele.
Então,meu conselho (e pedido também):Não feche os olhos à crueldade,nem às atrocidades,sejam elas contra bicho ou contra gente.Interfira,aja.Mas,de forma inteligente e cautelosa.Sua vida é preciosa,não esqueça disso.
P.s:Mas,devo confessar,que nesse dia fui pra casa e dormi como a muito não dormia...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sobre minha avó ("Dodoinha",como eu a chamava)

Meu irmão me pediu para completar uma "lista" de recordações que ele começou,fruto de acontecimentos engraçados,nostálgicos ou curiosos que fizeram (ou ainda fazem)

parte de nossas vidas.Também tenho muitas coisas boas e/ou engraçadas para lembrar,algumas comuns a mim e a voce,meu irmão.Outras,fruto de minha vivência

individual.Mas,peço a voce para esperar mais um pouco,pois hoje me deu vontade de falar sobre um tema só:nossa avó paterna,dona Ursulina,como era chamada por todos e

"Dodoinha",como era carinhosamente chamada por nós,seus netos.
Nesse momento,quero me prender somente a ela,que é ,sem dúvida,a minha maior saudade hoje.Essa mulher simples,inteligente e amorosa,cujo amor e desvelo por nós,seus

netos, e por todas as coisas vivas me fez conhecer muito cedo alguns valores que carrego comigo até hoje.
Na época,eu era muito menina e não conhecia ainda o real sentido da palavra "SOLIDARIEDADE",mas na prática (hoje eu tenho essa consciência) assisti,ao vivo e em cores

às mais lindas lições de amor ao próximo e desapego material.Minha avó seguia à risca o "PEDI E RECEBEREIS"e, esqueçendo que não era o CRISTO,jamais negou ajuda a

nenhum dos necessitados que a procuravam.Doava remédios,alimentos,roupas,dinheiro,enfim,o que estivesse ao alcançe de sua mão e pudesse saciar alguma necessidade

alheia.Na pequena fazenda em que morava com meu avô,não faltavam "visitas" à hora do almoço.Eram os sertanejos humildes e/ou suas famílias que moravam nas redondezas e

vinham saciar sua fome em casa de meus avós.A mesa estava sempre cheia e mesmo depois da hora do almoço não faltava comida,nem boa vontade para atender aos

retardatários.Havia,infelizmente,em meio aos carentes,os aproveitadores,mas o coração de minha avó não conseguia fazer essa distinção e ela servia a todos com

simpatia e dedicação.Meu avô,mais racional,advertia:"Mulher,desse jeito voce vai acabar com tudo que nós temos".Palavras ao vento.Ela sempre tinha argumentos para se

contrapor:"Mas o coitado tá com fome,nós não podemos deixar que ele morra à míngua,meu velho..."E meu avô,mesmo contrariado,cedia.Afinal, a última palavra era sempre

dela mesmo...
Nas mercearias próximas,que lá eram chamadas "bodegas",aonde meu avô tinha crédito,era comum chegarem bilhetinhos de minha avó,autorizando o "bodegueiro" a entregar

gêneros alimentícios aos seus protegidos.Minha avó também era muito delicada e,apesar do pouco estudo,curiosamente,escrevia e se expressava muito bem.Então,esses

bilhetinhos ,geralmente,começavam mais ou menos assim:"Caro senhor Fulano-De-Tal,peço,por obséquio,que entregue a esta gentil e necessitada moçinha,essa listinha de

compras que escrevi abaixo.A pobre precisa muito,pois não tem o que comer em casa.Deus todo poderoso irá abençoar ao senhor e a sua família por essa caridade..."
E por aí ia.Até parece que quem ia pagar era o bodegueiro e não ela (aliás,o meu resignado avô.Rs!)
Nas farmácias,era a mesma coisa:quando alguém adoecia e não tinha dinheiro pra comprar remédios,ia logo pedir socorro a"D.Sulina",como alguns a chamavam.E haja

bilhetinho nas farmácias,de "entregue isso a esse rapaz,entregue aquilo a essa senhora..."
Detalhe:uma época,meu avô resolveu montar um mercadinho para venda de gêneros alimentícios,dentro da fazenda dele.Meu pai também também montou uma pequena farmácia.

Ambos faliram rapidinho.Adivinhem porque!Minha avó dava não somente o pacotinho de açucar ou de arroz,mas a saca inteira,se alguém precisasse.Remédio então...tava

sempre faltando pra vender na dita farmácia,porque ela doava quase tudo.
Enfim,a vontade de ajudar de minha avó não conhecia limites,não media consequências.E isso,infelizmente,gerou o lado ruim da história:Com o passar do tempo, as dívidas

se acumularam e meu avô precisou vender seus bens para pagá-las.Então,obviamente,chegou um tempo em que minha avó não tinha mais condições de fazer suas

caridades,materialmente falando.Faltava mesmo até pra eles próprios.Foi muito triste ver os dois, que sempre tiveram uma vida farta,não terem uma velhice

tranquila,como mereciam.Meu avô já não conseguia mais prover o próprio sustento (como ele previra)e viveu seus últimos anos graças ao apoio e ajuda da família.
Mas,apesar de ter dissipado todos os seus bens (e aqui,só o bom DEUS para julgar se certo ou errado) eu NUNCA ouvi minha avó dizer que se arrependia das suas

caridades.E o mais incrível:o que mais a afligia nesse tempo de dificuldades,não era a sua própria situação material,mas A IMPOSSIBILIDADE DE CONTINUAR AJUDANDO AS

PESSOAS NECESSITADAS,COMO SEMPRE FEZ.Isso,sim,era o que mais a entristecia.Ví muitas vezes seu rostinho alegre se anuviar ao ouvir o pedido ou uma queixa de algum

necessitado que ela não podia mais ajudar.Não poder suprir as necessidades de seus protegidos,isso sim,a entristecia profundamente.
É importante salientar que estou falando aqui apenas da caridade "material" que minha avó praticava,mas ela não era a única.Junto com o remédio para os males do

corpo,vinha também o alento para a alma do doente.Ela sempre tinha palavras de esperança e de apoio para aqueles que a procuravam.Estava sempre disposta a ouvir os

queixumes e lamentos de todos.Não foi pra menos que minha avó angariou uma verdadeira legião de amigos.Ah,isso nunca lhe faltou.
Foi também com ela que aprendi a amar os animais e todas as coisas vivas que Deus criou.Ela,como eu, não suportava maltratos a eles e quando sabia de algo dessa

natureza,logo chamava meu avó pra tomar satisfação.Eu sempre corria pra ela,quando via algum cavalo,ou boi ou qualquer outro bicho passando por algum sofrimento.Eu

pedia ajuda e ela "obrigava" (mesmo!) meu avô a tomar as providências necessárias.
E quanto à sua dedicação a nós,seus netos,bem aí é outra história que pretendo contar em outra oportunidade.Por enquanto,vou dizer apenas que a melhor parte da minha

infãncia,as melhores lembranças que tenho,e muito do que que sou,devo aos seus ensinamentos.vivi momentos maravilhosos em minha querida Armênia (nome da fazenda de

meus avós),viajei nas estórias que ela me contava,nas canções que cantava..ela coloria o mundo para nos mostrar.
Minha avó querida,quantas saudades...não sabe como lamento tanta coisa que poderia ter feito e não fiz,que poderia ter dito e não disse.Me perdoe por eu não ter

tido,naquele tempo,maturidade suficiente para entender e agradecer o tesouro que Deus colocou em minha vida.Acho que é assim que a vida nos ensina,não é?Vamos

aprendendo com nossos tropeços.E tentando melhorar...
Mas,SEI que ainda vamos nos encontrar um dia e aí eu vou poder lhe abraçar forte e dizer tudo aquilo que trago guardado em meu coração.
Ah,dá um grande abraço em DEUS por mim,porque a senhora só pode estar bem próxima dele...
Beijo e "bença".
Iris.(Irinha,como a senhora me chamava).